O que esperar de Charles Leclerc
- Alex Neres
- 7 de fev. de 2019
- 3 min de leitura

Muita gente se perguntou se foi um jogo de tiro no escuro colocar um piloto com apenas 21 anos no assento mais desejado da Formula 1. Max Verstappen, Daniel Ricciardo e tantos outros desejam estar na Ferrari, equipe mais tradicional do automobilismo mundial. Mesmo em anos não vitoriosos como 1980 ou 1992, a equipe sempre foi o sonho de muitos corredores. E daí, quando Kimi Raikkonen, que não tinha resultados, mas tinha um ótimo salário é dispensado do time, surge o nome de um piloto que tem apenas uma temporada e marcou apenas 38 pontos: Charles Leclerc.
Nascido em 1997, o jovem monegasco alcançou rapidamente o Olimpo. Mas se engana quem pensa que ali tem só um rostinho bonito e boa origem. Leclerc tem tudo para ser um grande vencedor sim. Campeão na GP3 e na F2, a estreia na Sauber veio sem grandes perspectivas. Mas por trás de uma carenagem com logo da Alfa, vinha um motor Ferrari. E é aí que vêm toda a magia: Charles Leclerc é agenciado por Nícolas Todt, filho do ex-dirigente do time de Maranello, hoje presidente da FIA. Isso fez com que, em 2016, quando estreou na GP3, Leclerc entrasse para o Ferrari Driver Academy, programa que inclusive seu grande amigo Jules Bianchi fazia parte, na época que sofrera seu terrível acidente em Suzuka, que lhe tirou a vida sete meses depois, em 2015.

Na GP3, logo na primeira temporada correndo pela tradicional equipe Art, título logo de cara, com 3 vitórias e oito idas ao pódio. Neste ano, ele estava como piloto de testes da equipe Haas na F1 e participou dos treinos de sexta dos GPs da Inglaterra, Hungria e Alemanha. O título na categoria acima lhe valeu uma vaga no time Prema, na F2 em 2017 e adivinhem? Primeiro ano e título. Neste ano, ele participou como piloto de testes também, mas pela Sauber, pilotando na sexta na Malásia, Estados Unidos, México e Brasil.

2018 chega e junto com ela, a Formula 1 para o jovem fenômeno. A estreia com apenas 20 anos é pela Sauber, agora patrocinada pela Alfa Romeo e com motor Ferrari. E mesmo em uma equipe que não vinha tão bem nos anos anteriores, 10 provas completadas na zona de pontos, tendo como melhor resultado o 6º lugar no GP do Azerbaijão. Mas o mais surpreendente foi o piloto levando a Sauber ao 8º lugar no grid na prova brasileira, deixando todo o público da televisão e de Interlagos boquiaberto com o talento. No fim, terminou a temporada em 13º, a frente de veteranos como Stoffel Vandoorne e Romain Grosjean.

O que isso lhe valeu? Um contrato na Ferrari, substituindo Kimi Raikkonen que vinha há alguns anos sem apresentar uma chance a mais de título, longe dos áureos tempos de 2007. Leclerc com isso se tornou o segundo piloto mais jovem da equipe italiana (perdendo apenas para Ricardo Rodriguez, que estreou aos 19 anos no GP da Itália de 1961).

E por mais que pensem que talvez seja cedo demais, Charles Leclerc chega no momento certo na categoria. Talentoso, bom acertador de carros, de pilotagem limpa e ao mesmo tempo arrojada, o monegasco passa longe de ser apenas uma promessa. Vai enfrentar a dura pressão de ser um piloto da Ferrari, de ter um tetracampeão do seu lado fumegando pelo título, mas ao mesmo tempo mostra que tem cabeça, que tem bons relacionamentos com seu empresários, com os times que passou, com a imprensa, com os fãs. Há quem diga que tanto talento chegando à Ferrari era o que se esperava do seu grande amigo Bianchi. Nunca saberemos.
O mais importante é que apesar das conquistas precoces, Leclerc mostra que não tem pressa. Vai fazer o dele, demonstrar seu arrojo, mas não pretende fazer das suas corridas, uma corrida de bigas com Vettel. Quando for a hora, ele vai lá, vai ganhar corridas, vai lutar por campeonatos. Charles mostra desde cedo quando conquistou seus primeiros campeonatos e na escalada para a F1 que não veio para ser coadjuvante. Na hora certa, o nome dele será o primeiro a aparecer nos créditos da novela.
Abraço!
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