Charles Whiting (1952-2019)
- Alex Neres
- 13 de mar. de 2019
- 2 min de leitura

Sim, foi até difícil de digerir essa noticia há menos de 48 horas para começar a temporada da Formula 1. Charles Whiting se foi! O cara que tantas vezes deu a largada e ficou de olho em tudo que acontecia nas corridas foi fatalmente vitimado por uma embolia pulmonar fulminante, quando já estava em Melbourne para fazer o que mais sabia fazer.
Desde 1997, essa era sua tarefa. Como diretor de prova da FIA, foi notório em muitas decisões, títulos, desclassificações, queimada de largada, punições. Desde os lances mais escancarados, como aquele piloto que queima a largada na cara dura, como de quem deixou o pé escorregar da embreagem até aqueles pilotos que passaram um pentelhésimo de centímetro em cima da linha branca ao sair do box.
Começou no automobilismo nos anos 70, preparando carros de rali, e em 1976 chegou a F5000, onde preparava os carros da piloto Divina Galica. Trabalhou para Frank Williams e virou chefe dos mecânicos da Brabham, nos tempos áureos do time, quando conquistou o bicampeonato com Nelson Piquet em 1981 e 1983. Tanta notoriedade lhe valeu o cargo de comissário técnico da FIA em 1988 e em 1997 chegou ao cargo de diretor de provas da categoria máxima do automobilismo.
E esse foi Charles Whiting: o cara que tirou todos os pontos de Schumacher em 1997 pela batida com Villeneuve, que após a Austria 2002, ficou sempre atendo à possíveis e famigeradas marmeladas, que teve a audácia (mesmo que má-sucedida) de largar com seis carros em Indianapolis em 2005, de tantas corridas que ficou lá na sua cabine na reta, comandando o semáforo. O mundo caiu em cima de Whiting, após o trágico acidente com Jules Bianchi, quando o mesmo não parou a prova devido à intensa chuva que acabou provocando a batida.
Sem ressentimentos, errar é humano! Mas ao mesmo tempo, Whiting conhecia como ninguém o esporte que deu a vida. Tinha um olhar que ninguém tinha, de como enxergar cada momento da prova e de tomar a decisão sobre cada piloto. Criou a expectativa de largada de centena de corridas para bilhões de pessoas e ajudava a comandar o script de um espetáculo que as pessoas chamam de esporte. A Formula 1 perde o seu maior vigilante, um guia, um norte. E as vésperas de começar pelo 70º ano seguido mais um capítulo. Será difícil imaginar o circo sem o seu mestre de cerimônia chamando o respeitável publico para assistir 20 gladiadores em uma arena pelo triunfo de ser o mais veloz!
Ars lunga, vita brevis!
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