A sobrevivente Atlantic
- Alex Neres
- 1 de fev. de 2019
- 3 min de leitura

Formula Indy, Indy Lights, Indy Pro 2000 (antiga Pro Mazda), USF2000. O caminho para se chegar ao topo do automobilismo americano atual é esse, uma jornada chamada Road to Indy. Todavia, devido a todos os fatos que aconteceram com a própria Indy, esse caminho sempre foi tortuoso, pois as categorias sempre foram instáveis. A Indy Lights já existia, faliu, voltou como Infinity Pro Series e voltou a ser Indy Lights. A Pro 2000 passou anos correndo com o (não tão mais) inovador motor Wankel sem mudanças e dificilmente revelava muitos talentos se você não tivesse dinheiro.
Após a separação entre IRL e CART e após a migração dos times grandes para a categoria de Tony George, a categoria clássica mais amada dos EUA ficou sem uma categoria de acesso. Sem conseguir se sustentar, a ChampCar não tinha como criar uma categoria de base para competir com a Infinity Pro Series que despontou a partir de 2003. Todavia havia uma categoria que existia desde os anos 70 e que foi promovida à categoria junior. Tratava-se da Atlantic. Criada em 1974, a categoria era uma das escolas mais populares entre os pilotos norte-americanos, além de ter corridas também no Canadá. Porém por sempre existir a Indy Lights e posteriormente a Pro Series, a Atlantic nunca teve o seu destaque merecido.

Mas se engana quem pensa que era uma categoria que não tinha seu brilho. Logo nos anos 70, um piloto ganhou o campeonato duas vezes, sendo que uma das vezes, em 1976, ganhou 9 das 10 corridas, o que lhe valeu a vaga na Formula 1, ainda no mesmo ano. O nome dele? Gilles Villeneuve! Nos anos 80, seu irmão Jacques Villeneuve Sr. ganhou duas vezes também a Atlantic, porém sem conseguir ser brilhante como Gilles na Europa.
E daí os anos foram passando e outros nomes foram começando nas pistas, com títulos na Atlantic: Michael Andretti em 1983, Scott Goodyear em 1986, Hiro Matsushita em 1989, Jovy Marcelo (que infelizmente morreria em Indianapolis no ano seguinte) e Patrick Carpentier em 1996. Todos eles tiveram carreiras brilhantes na CART por longos anos, o que provou que a Atlantic era sim um campeonato de ótimo aprendizado.

O Brasil também conseguiu títulos na categoria, com o sul-matogrossense Hoover Orsi em 2001. Orsi todavia não conseguiu seguir a carreira nos EUA e voltou para o Brasil para correr de Stock Car. Em 2007 foi a vez de Raphael Matos ser campeão. Mais recentemente, outros pilotos foram revelados como o campeão da Indy de 2016 Simon Pagenaud, A.J. Allmendinger, vice da ChampCar em 2007 e Buddy Rice.

A Atlantic mudou de nome diversas vezes. Começou como Formula Atlantic, mudou para Toyota Atlantic Championship em 1989, se tornou ChampCar Atlantic em 2006, Atlantic Championship em 2008 (após a dissolução da ChampCar), SCCA Pro Racing Atlantic Championship Series em 2012 e por fim Atlantic Championship Series (sancionada pela USAC). Apesar disso, a categoria nunca se dissolveu, ficando apenas sem a temporada de 2013, por problemas financeiros. E mesmo em 2019, sem a ChampCar, com o programa Road To Indy a todo vapor, a Atlantic segue firme e forte como uma categoria base barata para os americanos. Um argumento a favor são os custos. O preço por uma temporada gira em torno de US$ 20.000,00 menos da metade de uma temporada na USF2000.

O número de corridas é bem menor que as categorias do Road to Indy, e não há corrida em ovais nem mais no Canadá. Seria pedir demais que uma categoria pequena ficasse tanto tempo viva com os mesmos dias da outrora. Talvez apenas o custo e a limitação de pistas explique a sobrevivência da Atlantic. Mas é bonito de se ver uma sobrevivente pequena em uma automobilismo tão poderoso com dinheiro. É bonito ver que a categoria mantém seu nome, depois de tantos anos, não ficando sujeito a separações ou brigas das maiores. É como se fosse um peixinho que corre sozinho fora do cardume e mesmo assim não se perde.

A temporada 2019 começa no dia 19 de Abril, com a rodada dupla no circuito de Road Atlanta. E aqui no CDV, você acompanhará todos os resultados da temporada, não só da Atlantic, mas de todas as categorias to Road to Indy.
Abraços!
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