03 de Fevereiro de 1974: a F1... em Brasília
- Alex Neres
- 2 de fev. de 2019
- 2 min de leitura

Uma coisa que era muito comum na F1 antigamente e hoje não existe mais, eram as provas extra-campeonato. Estas eram corridas que não valiam pontos para o campeonato e que geralmente testavam a ambientação com o circo diante de uma pista nova. Outras vezes tinham objetivos apenas promocionais e outras vezes, por briga política.
Há 45 anos atrás, em 1974, o Brasil sediou uma prova deste tipo, na capital federal. Sim, a Formula 1 já esteve em Brasília. Seria a terceira etapa daquele ano, porém ela não valeria pontos para o Mundial. Uma semana antes, a categoria havia corrido em Interlagos pelo GP do Brasil, com vitória de Emerson Fittipaldi, conquistando assim seu primeiro triunfo pela McLaren. Em uma ação para inaugurar o autódromo de Brasilia para competições de nível internacional, o então Presidente da República Emílio Garrastazu Médici resolveu promover a prova na capital. E como foi bancado pelo governo, a corrida não poderia ter um nome mais a apropriado: Grande Premio Presidente Médici, uma bela demonstração de propaganda do governo militar do Brasil.
Como era uma corrida que não valia nada, apenas doze pilotos vieram. Equipes como Ferrari, Lotus e Shadow entre outras preferiram não vir, o que restringiu o grid da corrida em Brasilia a apenas 12 carros. Na pole position, Carlos Reutemann que ainda tentava embalar uma vitória após perder a corrida em casa na última volta e ter terminado apenas em 7o em Interlagos. Emerson, embalado pela vitória na semana anterior vinha em segundo. Os outros brasileiros, José Carlos Pace, largava em 4o, e Wilson Fittipaldi em 7o, após conseguir um carro de última hora alugado para correr.
Na corrida, Reutemann manteve a ponta nas voltas iniciais, porém Emerson ficou embutido na traseira do argentino, só esperando uma oportunidade. Esta surgiu na sexta volta, após um erro do piloto da Brabham. Emerson Fittipaldi assumiu a ponta, enquanto que na 10a volta, o argentino parava o carro com motor quebrado. A partir daí, o brasileiro não teve dificuldades para completar as 40 voltas na frente e ganhar sua segunda prova em sete dias.
Diante de toda a torcida, os três primeiros colocados - Emerson Fittipaldi, Jody Schekter e Artur Merzario receberam os troféus das mãos do próprio presidente Médici. A partir daí, o circuito de Brasilia se consolidou como uma das pistas mais famosas do Brasil, sendo rebatizado em 1988 de Autódromo Internacional Nelson Piquet, em homenagem ao piloto tricampeão de F1.
Não vou hoje falar dos detalhes que fizeram o circuito estar hoje como está. Mas é realmente melancólico ver que uma pista que já sediou até provas de F1 estar literalmente jogado. Esperamos que a próxima administração da pista consiga trazer com as reformas os tempos de gloria que o Autódromo Nelson Piquet teve durante a sua história. O público de Brasilia e do Brasil aprova, pois tudo que queremos é que, do lado daquele monumental Estádio Nacional Mané Garrincha, tenha carros dando volta!
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